1.
silêncio é quando
não ouço seu nome.
2.
nossos corpos no escuro
se enxergam ainda mais.
3.
vestir alguma pele
só faz sentido
se for pra tatear
o teu rosto.
4.
teu cheiro é viciante demais,
garota.
5.
pro meu gosto.
1.
silêncio é quando
não ouço seu nome.
2.
nossos corpos no escuro
se enxergam ainda mais.
3.
vestir alguma pele
só faz sentido
se for pra tatear
o teu rosto.
4.
teu cheiro é viciante demais,
garota.
5.
pro meu gosto.
te acho
uma perdição.
desde aquele café
contigo
não durmo direito.
esquenta quando ela tenta
ferve quando ela ama
queima quando ela teima
arde quando ela chama.
inocentes
até que se provem
ao contrário.
e o que
a chuva
sente
caindo
ao som
de gente
dormindo?
sou a favor
do seu corpo
contra o meu.
na frente
ela sente
atrás
tanto faz
em cima
ela anima
embaixo
me encaixo
por fora
ela adora
lá dentro
me envolvo
posição ideal é a gente
se virando do avesso
pra fazer de novo.
das sete bilhões
e sei lá quantas
possibilidades
respirando agora
você acabou
nascendo você
o que te impede
fisicamente
de ver a si mesma
por um lado diferente
e ao espelho
te limita
para admirar
o corpo no qual
você habita
mas isso é só até
inventarem
algum aparelho
que te permita
ver ao vivo a carne
em que você mora
para enfim você
acreditar em mim
e ver como é bonita
a sua vista
aqui de fora.
pelo segredo do seu dedo
subo através dos seus pés
para alcançar o calcanhar
escalando toda tua canela,
paro parelho ao seu joelho:
fixo no nexo das suas coxas
nadando até a ilha da virilha
chego à aventura da cintura
onde faço um trato comigo
de não cair no seu umbigo
mesmo que ele siga pelo meio
da sua barriga e me leve ao seio
assim eu posso marcar o solo,
que é para voltar ao mesmo lugar
depois que passar pelo seu colo
pois sempre me perco no esforço
que faço para sair do seu pescoço
e no fim te deixo
na dobra do queixo
a vontade de nunca
sair da sua nuca
pra continuar
viajando nessa
trilha macia
que é massagear
a sua geografia.
a vontade
de estar
com você
à vontade.
sou tomada
carregada
na voltagem
da tua risada
sou potente
o equivalente
à força da tua
gargalhada
sou motor
movido
ao vapor
da tua alegria
sou bateria:
antes vazia
agora viciada.
suas coxas
quinze pras três
e minha língua
lentamente
anti-horária.
um dia tão bonito
lá fora
e a gente aqui
na Terra.